quarta-feira, 2 de março de 2016

Luís de Montalvor

Luís de Montalvor
(1891-1947)
Pseudónimo do poeta português Luís da Silva Ramos. Nasceu em S. Vicente, Cabo Verde a 31 de Janeiro de 1891 e faleceu em Lisboa a 2 de Março de 1947. Muito novo veio viver para Lisboa, mas enquanto residiu no Brasil foi secretário de Bernardino Machado (1912-1915).Regressou a Lisboa, com Ronald de Carvalho e fundou a revista Orpheu em 1915. Lançou ainda a revista Centauro 1916 e a editorial Ática, revelando-se um inovador nas artes gráficas.
As palavras que escreve para a Introdução do Orpheu são a expressão de um decadentismo refinado no sentido da forma. «Bem propriamente, Orpheu, é um exílio de temperamentos de arte que a querem como a um segredo ou tormento...». E quando, no ano seguinte, publica o primeiro e único número da «Revista trimestral de literatura», de que é director - Centauro -, repete com mais precisão agora o seu programa de «decadente». «Somos os descendentes do século da Decadência», escreveu na Tentativa de um Ensaio sobre a Decadência. E insistia: «Onde somos hoje decadentes foram os de outros tempos nossos precursores. Se nos apelidamos ou nos apelidaram caracteristicamente de decadentes é porque temos um sentido próprio de decadência, sem deixar contudo de poder ser outra coisa. Somos mais propriamente decadentes, não porque isto implique um conjunto fatal de circunstâncias ou um resultado de estádios morais ou sociais, mas mais verdadeiramente porque fizemos e temos um conceito, uma teoria deliberada, e damos um sentido ao pensamento decadente». Curta obra, de fôlego débil, na poesia de Montalvor se realiza, no entanto, a mais perfeita tentativa de «poesia pura» do movimento do Orpheu.
Não há versos de Luís de Montalvor no órgão decadentista. Dispersos por várias revistas - Orpheu, Contemporânea, Presença, Cadernos de Poesia, etc. -, ainda hoje não estão reunidas em volume as composições que o poeta depurou e trabalhou num requintado culto da forma. Alguns críticos consideram Luís de Montalvor como um Mário de Sá Carneiro mais consciente e menos genial, espécie de retardatário do Simbolismo, sem mistificação, nem simulação, compartilhando, por engano, dos destinos de uma geração particularmente dada a esse duplo jogo.

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